Quando pensamos em artefatos arqueológicos da Roma Antiga, é comum visualizarmos estátuas majestosas, mosaicos elaborados ou ruínas imponentes.
No entanto, às vezes são as descobertas incomuns que nos oferecem uma visão íntima da vida cotidiana dessa época distante.
Um exemplo disso foi a recente descoberta de ovos de galinha, muito bem preservados, encontrados em uma região da atual Inglaterra, que fazia parte do Império Romano naquela época.
Durante uma escavação arqueológica na cidade de Aylesbury, os arqueólogos da Universidade Oxford encontraram uma cova encharcada, onde, surpreendentemente, quatro ovos foram preservados.
Três deles se partiram durante a escavação, liberando um odor característico devido à decomposição, mas o quarto ovo estava não só inteiro, mas ainda continha a gema e a clara dentro de sua casca.
Uma varredura tridimensional realizada na Universidade de Kent mostrou a estrutura interna do ovo, com sua gema e clara ainda presentes, juntamente com uma bolha de ar.
Esse tipo de preservação é extremamente raro, consideramos a fragilidade dos materiais orgânicos ao longo do tempo.
Cascas de ovos podem se decompor rapidamente, mas neste caso, a água do solo encharcado atuou como uma cápsula do tempo, protegendo os ovos e os outros objetos da degradação.
Mas por que os ovos foram depositados naquele local?
Os especialistas especulam o seguinte cenário.
Imagine uma aldeia romana nesta região da Inglaterra, há 1.700 anos.
As pessoas se movimentavam entre casas de madeira e estruturas de pedra, dedicando suas vidas às tarefas da época.
Talvez um avicultor caminhasse até um mercado local, transportando ovos frescos em uma cesta para vender.
Alguns desses ovos, no entanto, nunca chegaram ao seu destino.
Em vez disso, foram depositados em uma cova, junto com outros objetos, em um ritual ainda misterioso para os arqueólogos.
Esse tesouro veio à tona, agora, durante a escavação arqueológica em Aylesbury.
A cova em que foram encontrados inicialmente foi usada para a maltagem de grãos e fabricação de cerveja, antes de ser transformada em um local de deposição de oferendas.
Entre os objetos descobertos lá dentro estavam um cesto de madeira, sapatos de couro, recipientes de madeira e ferramentas.
Os ovos, portanto, parecem ter sido parte de um ritual ou cerimônia, possivelmente uma oferta aos deuses para garantir boa sorte ou fertilidade.
Os arqueólogos explicam que os ovos na cultura romana eram associados aos deuses Mitra e Mercúrio e também tinham conotações de renascimento e fertilidade.
Agora, o ovo preservado está sob os cuidados do Museu de História Natural de Londres, onde os especialistas estão trabalhando para conservá-lo sem danificar sua estrutura frágil.
Enquanto isso, os arqueólogos continuam a desvendar os mistérios daquele período fascinante da história, utilizando este ovo como uma janela para o passado.
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Referências
Aylesbury Roman egg with contents a ‘world first’, say scientists. BBC, 2024. Disponível em: <link>. Acesso em: 15 fev 2024.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Arqueólogos chocados! Ovo romano de 1.700 anos encontrado “intacto”. Ciência Mundo, fev 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.