Cientistas têm estudado há mais de uma década as misteriosas bolhas de gás que se estendem acima e abaixo do centro da Via Láctea, conhecidas como bolhas de Fermi.
Agora, novas observações sugerem que a origem dessas bolhas pode estar relacionada a uma emissão intensa de pósitrons — partículas de antimatéria — pelo buraco negro supermassivo localizado no centro da nossa galáxia (CHOLIS, 2023).
As bolhas de Fermi foram inicialmente detectadas em 2010 e foram observadas em diferentes comprimentos de onda de luz, incluindo raios-X e radiação de micro-ondas.
No entanto, os astrônomos ainda não têm uma compreensão clara de como essas bolhas se formaram.
A nova hipótese proposta é que um jato de elétrons e pósitrons de alta energia foi emitido em uma única explosão pelo buraco negro supermassivo da Via Láctea, resultando nas características observadas nas bolhas.
De acordo com o físico Ilias Cholis, que apresentou suas descobertas em uma reunião da Sociedade Americana de Física, a emissão intensa de pósitrons pelo buraco negro supermassivo pode ter ocorrido há cerca de 3 a 10 milhões de anos atrás, aproximadamente na mesma época em que se acredita que as bolhas de Fermi se formaram.
Esses pósitrons teriam interagido com outras partículas na galáxia, perdendo energia e causando a emissão de diferentes comprimentos de onda de luz.
Uma parte significativa desses pósitrons emitidos teria sido lançada em jatos perpendiculares ao disco da galáxia, afastando-se da Terra e, portanto, não sendo detectáveis.
No entanto, alguns desses pósitrons podem ter escapado ao longo do disco galáctico, passando pela Terra e sendo detectados pela Alpha Magnetic Spectrometer, um instrumento instalado na Estação Espacial Internacional.
Esses resultados sugerem que as bolhas de Fermi podem ser o resultado de uma atividade mais intensa do buraco negro supermassivo no passado em comparação ao presente.
A descoberta de um excesso de pósitrons com energias atuais correspondentes a uma emissão intensa ocorrida há milhões de anos apoia a hipótese de que as bolhas se originaram de uma “explosão” ocorrida no centro da Via Láctea em um passado distante.
Essa nova compreensão das bolhas de Fermi e sua possível relação com a emissão de pósitrons pelo buraco negro supermassivo da Via Láctea pode ter implicações importantes para a compreensão da evolução de galáxias e buracos negros.
Além disso, esse estudo destaca a importância de observações em diferentes comprimentos de onda de luz para desvendar os mistérios do universo e a necessidade contínua de pesquisa e exploração espacial para ampliar nosso conhecimento sobre o cosmos.
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Referências
CHOLIS, Ilias; KROMMYDAS, Iason. Have we found the counterpart signal of the Fermi bubbles at the cosmic-ray positrons?. Bulletin of the American Physical Society, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 22 abr 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Antimatéria cósmica sugere a origem das misteriosas bolhas de gás no centro da Via Láctea. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.