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Animais de 520 milhões de anos podem não ser animais, afinal

Fósseis de criaturas conhecidas como briozoários podem ser, na verdade, um tipo antigo de alga e não animais, como se pensava.

Animais de 520 milhões de anos podem não ser animais, afinal -

Imagem: YANG, 2023.

Um novo estudo sugere que um fóssil de 520 milhões de anos, anteriormente identificado como a espécie mais antiga conhecida de briozoário, na verdade é uma colônia de algas (YANG, 2023).

Essa descoberta pode ter implicações significativas para entender a evolução dos animais durante o Período Cambriano, que é frequentemente referido como o “Big Bang” da vida.

Os briozoários são animais marinhos que vivem em colônias semelhantes a “condomínios de apartamentos” e que se alimentam por meio de tentáculos filtradores.
No entanto, outros animais e algas também podem formar construções modulares, induzindo os paleontólogos a equívocos, o que torna a identificação dos fósseis marinhos desse período desafiadora.

Em 2021, por exemplo, um fóssil — supostamente da espécie Protomelission gatehousei — foi oficialmente classificado como um briozoário. Mas agora, um novo estudo sugere que ele pode ser, na verdade, uma colônia de algas.

Os novos fósseis encontrados na China incluem partes moles do organismo, permitindo uma análise mais precisa.

Em vez de tentáculos — normalmente esperados em um briozoário — foram encontradas lâminas simples semelhantes a folhas típicas de alguns tipos de algas.

Se essa descoberta for confirmada, isso significa que os briozoários surgiram somente há cerca de 480 milhões de anos atrás, tornando-os o único grande grupo de animais a não terem aparecido durante o Período Cambriano.

Isso tem implicações significativas para a teoria evolutiva. Antes, se acreditava que o Período Cambriano era um momento de intensa diversificação da vida animal, com novos planos corporais sendo criados pela evolução.

No entanto, se os briozoários não surgiram nesse período, então a evolução não perdeu sua capacidade de criar novos planos corporais e a diversificação da vida animal continuou muito depois desse período.

No entanto, nem toda a comunidade científica concorda com a nova classificação do fóssil.

Alguns paleontólogos argumentam que as lâminas encontradas podem ser simplesmente partes do corpo de animais individuais em uma colônia de briozoários e por isso, mais fósseis preservando recursos adicionais são necessários para resolver a questão.

De qualquer forma, a descoberta de que o fóssil Protomelission gatehousei pode ser uma colônia de algas em vez de um briozoário pode ter implicações significativas para a compreensão da evolução animal e da diversificação da vida após o Período Cambriano.

Além disso, este debate mostra ao público leigo que a identificação de fósseis pode ser uma tarefa desafiadora e que a ciência está em constante evolução à medida que novas descobertas são feitas e analisadas.

Parece que na paleontologia, nada é um “caso encerrado”.

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Referências

YANG, Jie et al. Protomelission is an early dasyclad alga and not a Cambrian bryozoan. Nature, p. 1-5, 2023.. Disponível em: <link>. Acesso em: 12 mar 2023.

Notícias

520-million-year-old animal fossils might not be animals after all. Science News, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 12 mar 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Animais de 520 milhões de anos podem não ser animais, afinal. Ciência Mundo, mar 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.