A sonda OSIRIS-REx da NASA, encarregada de coletar amostras do asteroide Bennu, forneceu aos cientistas uma visão inesperada da composição desse corpo celeste, apresentando características que desafiam as expectativas.
Dante Lauretta, principal investigador da missão, discutiu os resultados preliminares durante a conferência da União Geofísica Americana (AGU), realizada recentemente na Califórnia e online.
A coleta de amostras ocorreu em 2020, com a sonda OSIRIS-REx extraindo pedaços da superfície do asteroide.
Lauretta observou que as partículas recuperadas até o momento, provenientes da camada externa da cápsula de amostras, exibem uma rica presença de carbono e moléculas orgânicas.
Estas são características esperadas em remanescentes do início do sistema solar, alinhando-se com os objetivos iniciais da missão concebida há quase duas décadas.
Contudo, nem tudo saiu como esperado na missão.
Incidentes na missão OSIRIS-REX
A sonda OSIRIS-REx foi projetada para um contato de seis segundos com a superfície do asteroide, mas acabou penetrando 0,5 metros por 17 segundos.
Esse “sucesso acidental” resultou em uma coleta significativamente maior de material, o que ocasionou o vazamento do coletor de amostras.
Lauretta atribuiu essa ocorrência a uma pequena pedra do asteroide, de 3,5 cm, que aparentemente obstruiu o sistema de fechamento da cabeça do coletor, que permaneceu semiaberto.
O impacto violento também danificou dois fixadores, que atualmente impedem os técnicos de acessar a maior parte da amostra ainda retida na cabeça da sonda.
Até o momento, apenas 70,3 gramas do material foram recuperados, ultrapassando o limite mínimo exigido pela missão, estabelecido em 60 gramas.
Análise da amostra do asteroide Bennu
As primeiras análises espectrais realizadas no material revelam uma assinatura dominante na faixa azul do espectro eletromagnético.
Esta tonalidade, ainda sem explicação, levanta a possibilidade de uma concentração de água maior do que inicialmente prevista.
No entanto, Lauretta enfatiza que mais dados serão apresentados durante uma reunião científica na próxima primavera americana.
Além disso, o material exibe concentrações elevadas de magnésio, sódio e fósforo, uma combinação intrigante que desafia as expectativas dos pesquisadores.
Lauretta, com vasta experiência em meteoritos, expressou surpresa diante dessa composição inusitada.
O envio de amostras para análises adicionais em instalações como o laboratório de experimentos de reflectância (RELAB) em Rhode Island e o Museu de História Natural em Londres fornecerá insights mais detalhados sobre a composição química do asteroide Bennu.
O resultado final dessa análise promete contribuir significativamente para a compreensão da formação do sistema solar e dos componentes orgânicos presentes nos primeiros estágios da sua evolução.
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Notícias
‘What is that material?’: Potentially hazardous asteroid Bennu stumps scientists with its odd makeup. nps.gov, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 3 dez 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Amostras do asteroide Bennu revelam composição inesperada. Ciência Mundo, dez 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.