A descoberta e identificação dos ocupantes dos túmulos reais da antiga família real macedônica têm sido objeto de intensos debates e análises ao longo dos anos.
Recentemente, um estudo controverso reacendeu a discussão, sugerindo novas interpretações sobre quem foi enterrado em cada uma dessas sepulturas históricas (BARTSIOKAS, 2023).
O Grande Tumulus, localizado em Aegae, a antiga capital da Macedônia – atualmente conhecida como Vergina, no norte da Grécia – abriga três túmulos que datam do século IV a.C.
Conhecidos como Túmulos I, II e III, esses sítios arqueológicos foram descobertos na década de 1970 e desde então têm sido alvo de especulação e pesquisa.
No estudo mais recente – publicado na revista Journal of Archaeological Science: Reports – os pesquisadores utilizaram análises de raio-X e examinaram escritos antigos sobre os membros da família real e propuseram uma nova interpretação dos dados.
Segundo os arqueólogos, o Túmulo I pode conter os restos de Filipe II, o poderoso rei macedônio e pai de Alexandre, o Grande.
Esta conclusão é baseada em evidências anatômicas, como uma articulação do joelho fundida encontrada no esqueleto masculino no Túmulo I, que é consistente com registros históricos de que Filipe II sofria de coxalgia, uma condição que o teria deixado manco.
Além disso, a presença de uma mulher jovem e de um recém-nascido no mesmo túmulo coincide com relatos históricos sobre Cleópatra, uma das esposas de Filipe II, e seu filho recém-nascido.
No entanto, esta interpretação não coincide com estudos anteriores que argumentam que Filipe II foi enterrado no Túmulo II, com base na evidência de um ferimento no crânio que seria consistente com registros históricos de uma lesão ocular sofrida pelo rei.
O atual estudo refuta esta afirmação, afirmando que o esqueleto masculino no Túmulo II não exibe uma lesão traumática no olho direito, algo que já foi questionado também por outros estudos.
Os pesquisadores defendem que a ausência de traumas físicos, historicamente associadas a Filipe II, e a presença de uma mulher ao lado do esqueleto masculino sugerem que este túmulo pertencia a Filipe III Arridaeu e sua esposa, Adea Eurídice.
Além disso, a estrutura do túmulo e os artefatos encontrados dentro dele através de raio-X apoiam a ideia de que este era o túmulo de Filipe III Arridaeu, rei da Macedônia após a morte de Alexandre, o Grande.
Por fim, o Túmulo III foi identificado como o local de sepultamento de Alexandre IV, o filho adolescente de Alexandre, o Grande – uma conclusão que a maioria dos pesquisadores concorda, segundo os autores deste trabalho.
Sua morte prematura em uma disputa de poder após a morte de seu pai é um dos episódios mais trágicos da história da Macedônia antiga.
Independentemente da verdadeira identidade dos ocupantes de cada túmulo, o estudo deste complexo funerário oferece uma janela fascinante para o passado da Macedônia antiga e da família real macedônia.
A possibilidade de que um dos túmulos contenha os restos mortais de Filipe II, o pai de Alexandre, o Grande, adiciona uma camada intrigante à história deste lendário conquistador e do império que ele construiu.
À medida que novas pesquisas e descobertas continuam a surgir, podemos esperar que novos esclarecimentos sejam feitos sobre este fascinante enigma da história antiga.
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Referências
BARTSIOKAS, Antonis; ARSUAGA, Juan Luis; BRANDMEIR, Nicholas. The identification of the Royal Tombs in the Great Tumulus at Vergina, Macedonia, Greece: A comprehensive review. Journal of Archaeological Science: Reports, v. 52, p. 104279, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 16 fev 2024.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Pai de Alexandre, o Grande, confirmado em tumba antiga. Ciência Mundo, fev 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.