A busca pela fonte da juventude é um desejo que atravessa séculos.
Desde os tempos antigos, filósofos como Platão e Aristóteles ponderavam sobre o envelhecimento e a busca pela longevidade.
No entanto, só recentemente a ciência começou a decifrar os mistérios por trás da excepcional longevidade de algumas pessoas.
Em um estudo recente, publicado na revista GeroScience, pesquisadores apresentaram descobertas fascinantes sobre os biomarcadores sanguíneos associados à longevidade excepcional (MURATA, 2023).
Esses biomarcadores são indicadores biológicos que podem fornecer insights valiosos sobre a saúde e o processo de envelhecimento de uma pessoa.
Os centenários, que a pouco tempo eram considerados raros, estão se tornando cada vez mais comuns em nossa sociedade.
Com números dobrando a cada dez anos desde a década de 1970, esses indivíduos se destacam como o grupo demográfico de crescimento mais rápido em todo o mundo.
No entanto, o que determina a capacidade de alguém viver por mais de um século permanece um enigma.
O estudo examinou os perfis de biomarcadores de 44.000 suecos, todos com idades entre 64 e 99 anos, que fazem parte de uma amostra chamada coorte Amoris.
Ao longo de 35 anos, os pesquisadores monitoraram a saúde desses participantes e descobriram que 2,7% deles alcançaram a idade venerável de 100 anos.
A primeira descoberta surpreendente, foi que a grande maioria desses centenários era do sexo feminino, representando 85% do grupo.
Entre os biomarcadores estudados estavam aqueles relacionados à inflamação, metabolismo, função hepática e renal, desnutrição e anemia.
Todos esses biomarcadores já haviam sido associados ao envelhecimento e à mortalidade em estudos anteriores.
No entanto, o atual estudo, que utilizou dados de um longo período, revelou que os centenários tendem a ter níveis mais baixos de glicose, creatinina e ácido úrico desde seus sessenta anos.
Para o ácido úrico, por exemplo, a diferença média absoluta foi de 2,5 pontos percentuais.
Pessoas no grupo com menor ácido úrico tem uma probabilidade de 4% de alcançar os 100 anos, enquanto apenas 1,5% daqueles no grupo com os níveis mais altos de ácido úrico conseguem chegar aos 100 anos.
Outra descoberta também revelou que, embora as diferenças médias não sejam significativas entre os centenários e os não centenários para a maioria dos biomarcadores, os centenários raramente exibem valores extremos, muito altos ou muito baixos.
Por exemplo, poucos centenários apresentam níveis de glicose acima de 6,5 mmol/L ou níveis de creatinina acima de 125 µmol/L em idade precoce.
De uma forma geral, o estudo concluiu que quase todos os 12 biomarcadores estudados, com exceção de dois, estavam ligados à probabilidade de atingir 100 anos de idade.
Mesmo após considerar fatores como idade, sexo e carga de doença, os níveis desses biomarcadores pareciam influenciar significativamente a longevidade.
Por exemplo, pessoas com os níveis mais baixos de colesterol total e ferro tinham uma menor chance de atingir 100 anos, enquanto aqueles com níveis mais altos de glicose, creatinina, ácido úrico e marcadores de função hepática também tinham uma probabilidade reduzida.
Embora as diferenças observadas nos biomarcadores sejam relativamente pequenas em termos absolutos, elas sugerem uma conexão entre saúde metabólica, nutrição e longevidade excepcional.
No entanto, os pesquisadores alertam que este estudo não permite conclusões definitivas sobre quais fatores de estilo de vida ou genes são responsáveis pelos valores dos biomarcadores.
Por enquanto, cuidar da saúde metabólica, monitorando regularmente os biomarcadores sanguíneos e adotando um estilo de vida saudável ainda é o melhor método para alcançar a longevidade excepcional.
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Referências
MURATA, Shunsuke et al. Blood biomarker profiles and exceptional longevity: comparison of centenarians and non-centenarians in a 35-year follow-up of the Swedish AMORIS cohort. GeroScience, p. 1-10, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 2 fev 2024.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Estudo revela diferenças no sangue de pessoas com vida excepcionalmente longa. Ciência Mundo, fev 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.