Um estudo recente revelou que Mimas — a menor das principais luas de Saturno — pode estar escondendo um oceano agitado em seu interior (LAINEY, 2024).
Através de novas medições da órbita deste pequeno satélite natural, os pesquisadores encontraram indícios de que algo pode estar ocorrendo sob sua superfície gelada.
Mimas, conhecida por sua semelhança com a icônica Estrela da Morte de Star Wars devido às suas características “crateradas”, sempre foi considerada uma lua com uma estrutura predominantemente sólida.
No entanto, observações recentes sugerem que um oceano líquido pode estar escondido entre 20 a 30 quilômetros abaixo da camada de gelo.
Esta descoberta, realizada por pesquisadores do Observatório de Paris, baseou-se em análises cuidadosas das órbitas de Mimas em torno de Saturno.
Os dados coletados pela sonda Cassini, que orbitou Saturno entre 2004 e 2017, foram essenciais para esta pesquisa, fornecendo informações detalhadas sobre a lua e seu ambiente.
Até então, a presença de oceanos subterrâneos era mais associada a luas como Encélado e Europa.
A falta de fissuras na superfície de Mimas, além de sua aparência “craterada”, sempre descartaram essa possibilidade.
No entanto, as anomalias observadas em sua órbita indicam que algo incomum está acontecendo dentro da lua.
Os cientistas consideraram, inicialmente, duas explicações para essas observações peculiares: um núcleo rochoso alongado ou a presença de um oceano global.
Após uma análise detalhada dos dados, os pesquisadores descartaram a primeira hipótese, e passaram a focar na possibilidade de um oceano escondido.
A existência deste oceano em Mimas pode não apenas ampliar nossa compreensão sobre as luas do Sistema Solar, mas também ajudar a compreender os processos geológicos que moldaram esses corpos celestes ao longo do tempo.
Os pesquisadores especulam que a formação e evolução deste oceano sejam o resultado de interações gravitacionais complexas entre Mimas, Saturno e outras luas do sistema.
Uma das teorias propostas sugere que uma interação com outras luas de Saturno, como Dione e Titã, há cerca de 50 milhões de anos, perturbou a órbita de Mimas, causando tensões significativas em seu núcleo e gerando calor interno.
Esse calor teria sido suficiente para derreter parte do gelo sob a superfície, formando um oceano interno.
Estima-se que este oceano seja relativamente jovem, com menos de 25 milhões de anos de idade.
Sua formação tardia em comparação com a idade do Sistema Solar sugere que eventos geológicos significativos ainda estão ocorrendo em corpos celestes aparentemente estáveis.
Além de sua importância científica, a descoberta do oceano em Mimas tem implicações interessantes para a busca por vida extraterrestre.
Embora seja improvável que a lua hospede formas de vida como as conhecemos, a presença de um oceano líquido aumenta a possibilidade de condições favoráveis para a existência de microorganismos simples.
À medida que continuamos a explorar os mistérios do Sistema Solar, a lua Mimas destaca-se como um exemplo fascinante de como nossas percepções sobre os corpos celestes estão constantemente evoluindo.
Esta descoberta não apenas nos desafia a repensar nossas noções preconcebidas sobre luas geladas, mas também nos inspira a continuar explorando os segredos do Universo.
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Referências
LAINEY, V. et al. A recently formed ocean inside Saturn’s moon Mimas. Nature, 2024. Disponível em: <link>. Acesso em: 2 fev 2024.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Lua da “Estrela da Morte” de Saturno oculta oceano subterrâneo. Ciência Mundo, fev 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.