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“Obeliscos”: uma nova classe de vida encontrada no intestino humano

Pesquisadores descobrem os Obeliscos, entidades genéticas únicas, que existem em 10% dos microbiomas humanos.

“Obeliscos”: uma nova classe de vida encontrada no intestino humano -

Imagem: Qimono (Pixabay)

Pesquisadores descobriram, recentemente, uma nova classe de objetos semelhantes a vírus, batizados de Obeliscos, que residem em nosso sistema digestivo.

O estudo – conduzido por Ivan Zheludev e sua equipe da Universidade de Stanford – revela que esses fragmentos misteriosos de material genético não se encaixam em nenhuma sequência ou estrutura conhecida em agentes biológicos (ZHELUDEV, 2024)

Os Obeliscos – que receberam esse nome devido a suas estruturas em forma de haste, formadas por torções de RNA – apresentam sequências genéticas incrivelmente curtas, com cerca de 1.000 caracteres (nucleotídeos). 

Esse tamanho reduzido é uma das razões para a falta de detecção anterior. 

Em uma análise abrangente de 5.4 milhões de conjuntos de dados de sequências genéticas, Zheludev identificou quase 30.000 tipos diferentes de Obeliscos, presentes em aproximadamente 10% dos microbiomas humanos examinados.

Curiosamente, diferentes tipos de Obeliscos parecem habitar diversas regiões do corpo humano, sugerindo uma complexidade ainda não compreendida em sua distribuição. 

Em uma amostragem, os Obeliscos foram encontrados em 50% das amostras orais de pacientes. 

Isso apoia a hipótese de que essas entidades podem ser colonizadores essenciais em microbiomas específicos.

Ao isolar uma cepa de bactéria comum na boca humana – o Streptococcus sanguinis – os pesquisadores identificaram um Obelisco com um loop de 1.137 nucleotídeos. 

Embora os “hospedeiros” de outros Obeliscos ainda sejam desconhecidos, é razoável supor que uma fração considerável esteja presente em bactérias.

Além da descoberta dos Obeliscos em si, os pesquisadores identificaram códigos genéticos em sua composição que instruem a produção de uma nova classe de proteínas batizada de Oblins

A presença dessas instruções sugere um papel crucial dessas proteínas na replicação dos Obeliscos, destacando uma característica única que os diferencia de outras estruturas de RNA, como os viroides.

Surpreendentemente, os Obeliscos são notavelmente maiores do que outras moléculas genéticas encontradas em células, como plasmídeos, mais comumente compostos de DNA. 

Contudo, não foi identificado nenhum impacto dos Obeliscos nas bactérias hospedeiras, nem um meio de propagação entre células.

Os pesquisadores levantam a possibilidade intrigante de que os Obeliscos podem não ser de “natureza viral”, se assemelhando mais a “plasmídeos de RNA” ou a alguma nova forma de vida. 

Isso destaca a necessidade de mais pesquisas para compreender completamente essas entidades fascinantes que existem no corpo humano.

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Referências

ZHELUDEV, Ivan N. et al. Viroid-like colonists of human microbiomes. bioRxiv, p. 2024.01. 20.576352, 2024. Disponível em: <link>. Acesso em: 3 fev 2024.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. “Obeliscos”: uma nova classe de vida encontrada no intestino humano. Ciência Mundo, fev 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.