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Fósseis revelam que florestas de algas são mais antigas do que se pensava

Estudo confirma que as atuais florestas de algas do Pacífico surgiram há pelo menos 32 milhões de anos.

Fósseis revelam que florestas de algas são mais antigas do que se pensava -

Imagem: Arte "floresta de algas primitiva" por Ciência Mundo

Uma recente descoberta de fósseis está ajudando a esclarecer a longa história das florestas de algas marinhas, revelando que esses ecossistemas submarinos existem há pelo menos 32 milhões de anos. 

As florestas de algas ao longo da costa do Pacífico, inicialmente consideradas um fenômeno mais recente, agora mostram-se como uma característica bem mais antiga dos mares.

Essas florestas submarinas são verdadeiras selvas subaquáticas, densamente povoadas por algas colossais, caracóis, ouriços, leões-marinhos, lontras-marinhas e uma variedade de aves marinhas.

A pesquisa, publicada na PNAS, apresenta evidências sólidas de que as primeiras algas eram muito mais antigas do que se imaginava, datando de 32 milhões de anos atrás (KIEL, 2024)

Este achado é crucial, pois antecede a chegada de muitos dos habitantes marinhos contemporâneos desses ecossistemas.

Cindy Looy, paleobotânica da Universidade da Califórnia em Berkeley, destaca que as atuais florestas de algas do Pacífico são a base de ecossistemas marinhos rasos incrivelmente ricos. 

Isso sugere que esses ambientes submarinos desempenharam um papel fundamental na evolução e diversificação da vida marinha ao longo de milhões de anos.

Como esses fósseis de algas foram descobertos?

A descoberta desses fósseis foi, em grande parte, impulsionada pelo biólogo amador Jim Goedert, residente em Tacoma, Washington. 

Durante suas caminhadas regulares ao longo da costa rochosa da Península Olímpica, Goedert encontrou fósseis de algas preservados, conhecidos como holdfasts, estruturas semelhantes a raízes que ancoram as algas ao leito do mar. 

Essa descoberta casual, posteriormente analisada por especialistas, revelou-se uma peça valiosa do quebra-cabeça da história das algas.

A raridade dos fósseis de algas é explicada pela sua natureza delicada e facilmente solúvel. 

Diferentemente de grandes vertebrados e dinossauros, as algas são organismos moles propensos à rápida decomposição. 

A maioria dos fósseis conhecidos até agora se baseava em um único espécime da Califórnia, datado de cerca de 13 a 14 milhões de anos atrás. 

No entanto, a nova descoberta, com base em análises químicas de fósseis encontrados por Goedert, confirma que as algas complexas remontam ao início do Oligoceno, há 32 milhões de anos.

Qual a importância dessa descoberta?

A relevância dessa descoberta vai além da mera confirmação de datas. 

Ela oferece uma visão única sobre a interação entre as algas e os antigos habitantes marinhos, como os desmostylians – mamíferos marinhos vegetarianos semelhantes a peixes-bois. 

A existência simultânea desses animais e das algas complexas sugere que os desmostylians do tamanho de hipopótamos provavelmente se alimentavam dessas algas, o que esclarece um mistério antigo sobre sua dieta.

Além disso, a descoberta sugere uma nova teoria sobre a evolução das florestas de algas. 

Durante milhões de anos, esses ecossistemas eram relativamente simples, com algas de altura modesta. 

Somente cerca de 14 milhões de anos atrás, algas mais altas evoluíram, dando origem às florestas subaquáticas complexas que conhecemos hoje. 

Esse evento coincidiu com um período de resfriamento global, indicando uma adaptação das algas às condições frias.

Cientistas especialistas em evolução marinha, como Ceridwen Fraser, destacam a importância desses fósseis para entender a evolução das algas. 

Ela ressalta que o registro fóssil das algas é escasso, e essas descobertas fornecem uma ferramenta valiosa para compreender como esses organismos evoluíram ao longo do tempo.

Ao revelar que esses ecossistemas têm uma história de 32 milhões de anos, essas algas nos levam a repensar nossa compreensão da vida nos mares e da evolução desses ambientes ricos em biodiversidade.

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Referências

KIEL, Steffen et al. Early Oligocene kelp holdfasts and stepwise evolution of the kelp ecosystem in the North Pacific. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 121, n. 4, p. e2317054121, 2024. Disponível em: <link>. Acesso em: 23 jan 2024.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Fósseis revelam que florestas de algas são mais antigas do que se pensava. Ciência Mundo, jan 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.