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Asas de insetos surgiram das brânquias dos peixes, sugere hipótese ousada

Fósseis revelam que as brânquias de larvas de insetos se transformavam em asas, desafiando teorias sobre a origem das asas dos insetos.

Asas de insetos surgiram das brânquias dos peixes, sugere hipótese ousada -

Imagem: Larva de Katosaxoniapteron brauneri (Kateřina Rosová)

A evolução dos insetos, especialmente o surgimento de suas asas, continua a intrigar os biólogos evolucionistas.

Uma hipótese recente, porém ousada, sugere que as asas dos insetos podem ter uma origem aquática, mais precisamente, das brânquias dos peixes (PROKOP, 2023).

Uma equipe de pesquisadores da República Tcheca e Alemanha examinou fósseis pré-históricos de insetos voadores, datados de cerca de 300 milhões de anos atrás.

Sequência de imagens de fósseis do antigo inseto alado no estágio de larva (b, c, e, f) e no estágio adulto (a, d, g).
Imagem: PROKOP, 2023.

Surpreendentemente, identificaram estruturas semelhantes a brânquias em estágios larvais, sugerindo a possível origem das asas dos insetos.

Os fósseis pertencem a uma espécie denominada Katosaxoniapteron brauneri, cujas larvas, assemelhando-se a trilobitas, exibem abas de crescimentos laterais que sugerem uma adaptação ao ambiente aquático.

Tanto as abas superiores quanto as inferiores apresentam características associadas à respiração.

Contudo, ao atingir a fase adulta, as abas próximas à cabeça se transformam em asas plenamente funcionais.

Reconstrução da larva deKatosaxoniapteron brauneri, com base em todos os espécimes fósseis descobertos.
Imagem: PROKOP, 2023.

Embora esses fósseis não representem diretamente os ancestrais dos insetos alados, oferecem pistas fascinantes sobre uma possível associação entre as brânquias dos estágios larvais e as asas na fase adulta.

Essa descoberta desafia a teoria histórica de que os insetos alados tiveram ancestrais exclusivamente terrestres.

Isso porque, evidências genéticas e fósseis sugerem que os primeiros insetos podem ter compartilhado semelhanças com crustáceos aquáticos ou semiaquáticos.

O debate sobre a evolução das asas dos insetos é frequentemente polarizado entre duas teorias: a do “esquilo voador” e a do “peixe voador“.

No entanto, uma terceira hipótese propõe uma fusão de estruturas de pernas e brânquias, criando um intrigante híbrido entre as duas hipóteses.

A dificuldade em comprovar qualquer teoria reside na extrema raridade de fósseis de insetos antigos.

Alguns críticos argumentam que a suposição de que o desenvolvimento larval reflita a evolução das asas dos insetos carece de evidências sólidas.

A análise genética de animais modernos oferece algum suporte à ideia de que as brânquias e as asas de larvas de insetos compartilham origens de desenvolvimento semelhantes.

As larvas de efêmeras, libélulas e outros insetos associados à água respiram por brânquias, enquanto os crustáceos modernos utilizam o exoesqueleto para a respiração.

Essa nova hipótese de que as asas dos insetos evoluíram a partir de precursores de brânquias ancestrais oferece uma perspectiva intrigante.

Pavel Sroka, entomologista da Academia de Ciências da República Tcheca, destaca a possibilidade de que as primeiras projeções no tórax, que deram origem às asas, poderiam ter surgido como órgãos de respiração.

Apesar de ser uma hipótese em seus estágios iniciais, essa teoria desafia as teorias convencionais sobre a evolução dos insetos alados.

A compreensão da vida dos insetos aquáticos antigos permanece um mistério fascinante a ser desvendado, à medida que exploramos as complexidades do mundo microscópico que moldou a diversidade da vida na Terra.

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Referências

PROKOP, Jakub et al. Thoracic and abdominal outgrowths in early pterygotes: a clue to the common ancestor of winged insects?. Communications Biology, v. 6, n. 1, p. 1262, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 2 jan 2024.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Asas de insetos surgiram das brânquias dos peixes, sugere hipótese ousada. Ciência Mundo, jan 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.