Uma descoberta paleontológica recente revelou que mosquitos machos também se alimentavam de sangue no Período Cretáceo.
Trata-se de dois fósseis de mosquitos machos preservados em âmbar, a 130 milhões de anos, que exibem características bucais alongadas, adaptadas para a perfuração e sucção, semelhantes às encontradas nas fêmeas contemporâneas (AZAR, 2023).
Esses fósseis, encontrados na região de Hammana, no Líbano, estão sendo considerados os fósseis mais antigos de mosquito já descobertos e podem revelar informações inéditas sobre os primórdios desses insetos e sua evolução.
A hematofagia, a prática de se alimentar de sangue, sempre foi associada apenas às fêmeas dos mosquitos, mas estava presente nos machos dessa espécie extinta.
Uma hipótese dos pesquisadores defende que os mosquitos evoluíram de insetos que inicialmente não se alimentavam de sangue, utilizando suas partes bucais para perfurar plantas em busca de nutrientes.
A transição para a hematofagia pode ter sido influenciada pela necessidade de nutrientes adicionais, especialmente proteínas, para o desenvolvimento dos ovos.
Além disso, o contexto ambiental revela uma possível ligação entre a evolução das plantas com flores e a divergência na alimentação entre machos e fêmeas de mosquitos.
Já outra hipótese argumenta que, originalmente, todos os mosquitos eram hematofágicos, independentemente do gênero, e que a hematofagia foi posteriormente perdida nos machos.
Vale lembrar que embora os mosquitos modernos sejam conhecidos por apenas suas fêmeas serem hematofágicas, alguns insetos voadores, como as moscas tsé-tsé, têm machos que também se alimentam de sangue.
Os machos e as fêmeas não fertilizadas dos atuais mosquitos se alimentam apenas de néctar de plantas, enquanto alguns machos optam por não se alimentar.
A descoberta destes fósseis mais antigos de mosquito não apenas lança luz sobre os primórdios dos mosquitos, mas também oferece insights que podem ter implicações na pesquisa de controle de doenças transmitidas por esses insetos e no entendimento mais amplo da ecologia e evolução desses seres.
Como já é do conhecimento de todos, os mosquitos são vetores responsáveis por transmitir doenças como malária, febre-amarela e dengue.
Apesar de sua reputação negativa, os mosquitos também desempenham um papel na ecologia, ajudando na polinização e purificação da água.
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Referências
AZAR, D. et al. The earliest fossil mosquito. Current Biology, VOLUME 33, ISSUE 23, P5240-5246.E2, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 5 dez 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Mosquitos machos primitivos também sugavam sangue, revela estudo. Ciência Mundo, dez 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.