Durante escavações em uma antiga necrópole, na cidade de Reims, localizada no nordeste da França, arqueólogos encontraram um sarcófago da era romana que data do segundo século d.C.
O que torna essa descoberta particularmente notável é que o sarcófago estava completamente intacto, não tendo sido saqueado ao longo dos séculos, como a maioria das sepulturas antigas.
O sarcófago em questão foi construído a partir de calcário áspero e estava hermeticamente selado com oito fechos de ferro.
Sua tampa de pedra, com impressionantes 770 quilos, tornou-o ainda mais impenetrável.
Para explorar o seu conteúdo sem danificá-lo, os arqueólogos recorreram a técnicas modernas de radiografia, além de uma câmera endoscópica.
Essa abordagem permitiu uma visão detalhada do interior do sarcófago, revelando os restos mortais de uma mulher que tinha aproximadamente 40 anos.
Junto aos ossos da mulher, os arqueólogos encontraram diversos objetos, como um pequeno espelho, um anel de âmbar, um pente e quatro lâmpadas a óleo.
Esses itens são consistentes com as práticas funerárias da época, que envolviam o acompanhamento do falecido na vida após a morte com objetos de valor e utensílios pessoais.
O fato desta mulher ter sido enterrada em um sarcófago tão elaborado e com esses objetos sugere que ela tinha algum status especial em sua comunidade ou pertencia a uma classe social elevada.
Essa descoberta lança luz sobre aspectos da sociedade e cultura da região no segundo século d.C.
A cidade de Reims – conhecida como Durocortorum na época romana – foi uma das maiores do Império Romano durante o segundo século.
Ela servia como a capital da Gália Belga, uma província que abrangia partes da França, Bélgica, Luxemburgo, Holanda e Alemanha.
A necrópole recentemente descoberta faz parte de uma série de cemitérios que se estendiam além das muralhas da cidade, ligando Reims a outras importantes cidades romanas, como Lutetia (atual Paris) e Lugdunum (atual Lyon).
É importante notar que esta é a primeira vez que um sarcófago não saqueado desse tipo foi encontrado em uma antiga cidade galo-romana.
A maioria das sepulturas antigas na região foi alvo de saques ao longo dos séculos, e os bens funerários que sobreviveram foram, em grande parte, destruídos durante a Primeira Guerra Mundial, quando o museu que os abrigava foi bombardeado.
Os arqueólogos planejam realizar estudos adicionais, incluindo a análise do DNA do esqueleto encontrado no sarcófago, com o objetivo de determinar se a mulher era originária da região ou de alguma área distante.
Essa análise poderá fornecer informações adicionais sobre a diversidade da população e a história de Reims na época romana.
Essa descoberta única nos permite entender melhor o passado de uma das maiores cidades do Império Romano e a importância da mulher sepultada neste sarcófago em sua sociedade.
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Referências
Du jamais-vu à Reims : un sarcophage intact du IIe siècle découvert en bordure du canal. Le Parisien, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 6 out 2023.
‘Exceptional’ 1,800-year-old sarcophagus unearthed in France held woman of ‘special status’. Live Science, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 6 out 2023.
UNE NÉCROPOLE ANTIQUE RUE SOUSSILLON À REIMS (MARNE). INRAP, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 6 out 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Sarcófago de 1.800 anos na França mantinha mulher com “status especial”. Ciência Mundo, out 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.