No mundo antigo dos dinossauros, enquanto os gigantes dominavam a terra, os oceanos eram o lar de répteis igualmente impressionantes, como os plesiossauros, que se destacavam por seus pescoços longos e sinuosos.
A pergunta que intrigou os cientistas por muito tempo foi: como esses répteis marinhos primitivos desenvolveram pescoços tão longos de forma tão rápida?
Uma recente descoberta revelou um fascinante insight sobre essa evolução surpreendente.
Pesquisadores da China e do Reino Unido realizaram um estudo detalhado de fósseis de uma família (clado) de répteis marinhos chamada pachypleurosaur, do início do período Triássico, cerca de 250 a 201 milhões de anos atrás.
Eles identificaram uma nova espécie, chamada Chusaurus xiangensis, que possuía um pescoço aproximadamente metade do comprimento de seu tronco.
Inicialmente, essa descoberta intrigou os cientistas, uma vez que outros membros dessa família, mais tarde no período Triássico, tinham pescoços bem maiores, com mais de 80% do comprimento de seus corpos.
Entretanto, apesar do pescoço aparentemente curto, os pesquisadores concluíram que o fóssil pertencia, de fato, à família dos pachypleurosaur.
Isso levou os pesquisadores a questionarem como esses répteis conseguiram alongar seus pescoços de maneira tão rápida?
A resposta a essa pergunta está relacionada a um evento crítico na história da Terra conhecido como a “Grande Extinção”.
Este evento de extinção em massa, que ocorreu antes do início do período Triássico, foi o maior da história, eliminando cerca de 95% das espécies existentes na época.
Com a pressão seletiva aumentada após a extinção, os répteis marinhos tiveram que evoluir rapidamente para se adaptar às novas condições de vida.
A análise dos fósseis revelou que a relação entre o comprimento do tronco e do pescoço desses répteis passou de aproximadamente 40% para 90% em apenas de 5 milhões de anos após a Grande Extinção.
Isso demonstra uma evolução extremamente acelerada na busca por adaptabilidade e sobrevivência.
Os pesquisadores notaram que esses répteis marinhos primitivos tinham menos vértebras em seus pescoços do que seus parentes posteriores.
Enquanto Chusaurus tinha apenas 17 vértebras, répteis marinhos do Cretáceo Tardio, como o Elasmosaurus, chegavam a ter impressionantes 72 vértebras, com pescoços cinco vezes mais longos do que seus corpos.
Essas muitas vértebras permitiam um movimento incrivelmente flexível, o que provavelmente era uma adaptação para capturar presas ágeis, como pequenos peixes e camarões, enquanto mantinham o corpo estável.
Para os pesquisadores, essa descoberta nos lembra o quão incrível é a capacidade da natureza em se adaptar e evoluir em resposta a eventos catastróficos, como extinções em massa, e como a pressão seletiva pode levar a mudanças drásticas em um curto período de tempo.
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Referências
LIU, Qi-Ling et al. Rapid neck elongation in Sauropterygia (Reptilia: Diapsida) revealed by a new basal pachypleurosaur from the Lower Triassic of China. BMC Ecology and Evolution, v. 23, n. 1, p. 1-10, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 set 2023.
Notícias
Plesiosaurs doubled their neck-length by gaining new vertebrae. news wise, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 set 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Monstros marinhos cresceram seus pescoços após uma Grande Extinção, revela estudo. Ciência Mundo, set 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.