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Marcas fósseis sugerem canibalismo entre hominídeos há 1,45 milhão de anos

Os pesquisadores acreditam que as incisões foram feitas com uma ferramenta de pedra por outro hominídeo motivado pela fome.

Marcas fósseis sugerem canibalismo entre hominídeos há 1,45 milhão de anos -

Imagem: Arte "hominídeos famintos" por Ciência Mundo.

Um novo estudo arqueológico revelou evidências intrigantes de possíveis atos de canibalismo entre hominídeos antigos

A pesquisa se baseia em um fóssil de perna com cerca de 1,45 milhão de anos, que exibe incisões feitas por uma ferramenta de pedra. 

Tíbia com marcas de corte (área ampliada).
Imagem: Briana Pobiner .

As marcas, analisadas em modelos 3D, são semelhantes aos danos produzidos por ferramentas de pedra, levantando a possibilidade de que nossos ancestrais pré-históricos tenham se alimentado uns dos outros.

O estudo, liderado pela paleoantropóloga Briana Pobiner, do Instituto Smithsonian, examinou o fóssil encontrado no Quênia. 

Inicialmente, Pobiner estava investigando os predadores não humanos que caçavam e se alimentavam de hominídeos antigos, mas as marcas nas ossadas chamaram sua atenção, sugerindo atos de carnificina.

Visão aproximada de uma das marcas com seu modelo 3-D processado em comparação com uma marca moderna de dente de leão.
Imagem: Briana Pobiner.

Para confirmar suas suspeitas, Pobiner enviou moldes das incisões para paleoantropólogos especializados em análise de marcas em ossos. 

Através de escaneamentos 3D, as incisões foram comparadas com outras marcas conhecidas, como as feitas por ferramentas de pedra, mordidas de predadores e pisoteamento animal. 

Nove das incisões no fóssil da perna mostraram uma correspondência próxima com danos causados por ferramentas de pedra, enquanto as outras duas foram atribuídas a uma possível mordida de um grande felino.

No entanto, há um debate em torno da interpretação dessas descobertas. 

Alguns pesquisadores concordam que as incisões indicam um ato de canibalismo, sugerindo que a remoção da carne da perna pode ter sido motivada pela fome. 

Outros especialistas argumentam que as evidências não são conclusivas e que outras possibilidades, como rituais ou conflitos entre grupos, não podem ser descartadas.

Um dos desafios enfrentados pelos pesquisadores é a falta de contexto do fóssil. 

Ele foi encontrado solto na superfície de um sítio arqueológico, e não há informações sobre a espécie específica do hominídeo a que pertencia. 

Além disso, o fóssil foi datado com base em camadas de cinzas vulcânicas próximas, o que indica uma idade estimada de 1,45 milhão de anos.

Embora a descoberta seja fascinante, alguns especialistas argumentam que as evidências ainda são insuficientes para afirmar com certeza que o canibalismo ocorreu entre hominídeos antigos. 

Para eles, o fóssil é uma curiosidade científica interessante, mas não altera significativamente nosso conhecimento atual.

Por isso, mais pesquisas e estudos serão necessários para obter uma compreensão mais completa desses eventos do passado distante. 

De qualquer forma, essa descoberta ressalta a complexidade da evolução humana e a importância de continuar explorando e investigando nosso passado ancestral.

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Cite-nos

SANTOS, Fábio. Marcas fósseis sugerem canibalismo entre hominídeos há 1,45 milhão de anos. Ciência Mundo, jun 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.