Após décadas de especulações, astrônomos afirmam ter detectado indícios de um segundo buraco negro em uma galáxia distante (VALTONEN, 2023).
O objeto em questão é um blazar chamado OJ287, que tem sido observado desde a década de 1880.
Os blazares são um tipo especial de quasar.
Um quasar é buraco negro supermassivo que emite jatos brilhantes de radiação em direção ao espaço.
Um blazar é um quasar, cujos jatos estão apontados em direção a Terra.
Por isso, do nosso ponto de vista, OJ287 se destaca como um dos objetos mais brilhantes do Universo.
Localizado a aproximadamente 3,5 bilhões de anos-luz de distância, esse blazar chama a atenção dos astrônomos devido a suas erupções periódicas de brilho intenso, que ocorrem a cada 12 anos.
Em 1996, os astrônomos Mauri Valtonen e Harry Lehto, da Universidade de Turku, na Finlândia, propuseram a existência de um segundo buraco negro orbitando o buraco negro supermassivo do OJ287.
Segundo seus cálculos, o buraco negro menor teria cerca de 150 milhões de vezes a massa do Sol, enquanto o maior alcançaria aproximadamente 18 bilhões de massas solares.
Essa hipótese explicaria as erupções regulares, pois quando o buraco negro menor atravessa o disco de gás e poeira que envolve o maior, ocorreria um flash de luz.
No entanto, até agora, eles nunca tinham conseguido detectar diretamente o segundo buraco negro.
Sua existência era inferida apenas a partir dos padrões de luz observados durante as erupções.
Mas recentemente, Valtonen e sua equipe tiveram uma surpresa.
Ao monitorar o OJ287 em janeiro de 2022, eles observaram um flash de luz brilhante e rápido, que desapareceu em apenas uma noite.
Essa emissão de luz foi atribuída a um jato criado pelo buraco negro menor ao arrastar material do disco antes de colidir.
Essa descoberta é significativa, pois marca a primeira vez que um segundo buraco negro é observado diretamente.
Além disso, abre caminho para estudos futuros sobre jatos secundários em sistemas binários de buracos negros.
Os astrônomos agora têm um exemplo concreto para estudar e poderão buscar outros eventos semelhantes.
No entanto, essa confirmação não encerra a discussão.
Alguns pesquisadores sugerem que outros mecanismos poderiam explicar os padrões de luz observados.
Para testar essa hipótese, será necessário aguardar a próxima erupção, que ocorrerá apenas daqui a uma década.
Essa observação direta dos dois buracos negros exigiria o uso de um radiotelescópio no espaço, que deverá estar de prontidão na época.
Vamos aguardar.
Referências
VALTONEN, M. et al. First detection of the secondary black hole in the OJ287 binary system. 242nd Meeting of American Astronomical Scientific reports, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 21 jun 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Buraco negro supermassivo se revela orbitando um ainda maior. Ciência Mundo, jun 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.