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Físicos descobrem primeiros sinais do raro decaimento do bóson de Higgs

Dois grupos de pesquisa do LHC, que até então trabalhavam independentes, juntaram suas bases de dados para desvendar os segredos do bóson de Higgs.

Físicos descobrem primeiros sinais do raro decaimento do bóson de Higgs - Arte "Colisor".

Imagem: Arte "Colisor" por Ciência Mundo

O bóson de Higgs é uma partícula elementar do Modelo Padrão da Física de Partículas, proposta por Peter Higgs na década de 1960, responsável pela origem da massa de outras partículas elementares como elétrons e quarks

Em 2012, a física de partículas atingiu um marco histórico ao comprovar a existência do bóson de Higgs, no LHC (Grande Colisor de Hádrons) da CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear). 

O Bóson de Higgs EXPLICADO
O Bóson de Higgs EXPLICADO.
Vídeo: Canal “Ciência Todo Dia” em Youtube.

Desde então, os cientistas têm se dedicado a estudar as propriedades dessa partícula fundamental e buscar evidências de sua interação com outras partículas.

Recentemente, durante a conferência anual Large Hadron Collider Physics 2023, as equipes dos dois principais detectores de partículas do LHC — ATLAS (A Toroidal LHC ApparatuS)  e CMS (Compact Muon Solenoid) — relataram uma conquista significativa: a primeira evidência da decomposição do bóson de Higgs em um bóson Z e um fóton

Essa descoberta pode fornecer indícios indiretos da existência de partículas além do Modelo Padrão da Física de Partículas.

A decomposição do bóson de Higgs em um bóson Z e um fóton é semelhante à decomposição em dois fótons. 

No entanto, essas decomposições não ocorrem diretamente. 

Em vez disso, envolvem um processo intermediário com partículas “virtuais” que surgem e desaparecem rapidamente. 

Essas partículas virtuais podem incluir partículas ainda não descobertas que interagem com o bóson de Higgs.

De acordo com o Modelo Padrão, cerca de 0,15% dos bósons de Higgs com uma massa em torno de 125 bilhões de elétron-volts devem se decompor em um bóson Z e um fóton. 

No entanto, algumas teorias que estendem o Modelo Padrão preveem uma taxa de decomposição diferente. 

Medir a taxa de decomposição fornece informações valiosas tanto sobre a física além do Modelo Padrão quanto sobre a natureza do bóson de Higgs.

Medir a taxa de decomposição é fundamental para investigar a física além do Modelo Padrão e compreender melhor a natureza do bóson de Higgs.

As equipes do ATLAS e do CMS realizaram pesquisas independentes sobre a decomposição do bóson de Higgs em um bóson Z e um fóton usando dados de colisões de prótons no LHC. 

Eventos candidatos do ATLAS (esquerda) e CMS (direita) para o bóson de Higgs decaindo em um bóson Z e um fóton, com o bóson Z decaindo em um par de múons.
Imagem: CERN

Ambas as colaborações identificaram o bóson Z por meio de suas decomposições em pares de elétrons ou múons, partículas mais pesadas que os elétrons.

Essas decomposições do bóson Z ocorrem em cerca de 6,6% dos casos.

Para identificar o sinal da decomposição do bóson de Higgs, os pesquisadores procuraram um pico estreito na distribuição da massa combinada dos produtos da decomposição, em meio a um fundo suave de eventos. 

A fim de aumentar a sensibilidade para detectar a decomposição, ATLAS e CMS empregaram estratégias semelhantes, categorizando os eventos com base nas características dos processos de produção do bóson de Higgs e utilizando técnicas avançadas de aprendizado de máquina para distinguir o sinal do fundo.

Agora, em um estudo recente, ATLAS e CMS uniram seus conjuntos de dados coletados durante a segunda fase do LHC, entre 2015 e 2018, para melhorar a precisão estatística e expandir o alcance de suas pesquisas. 

Esse esforço colaborativo resultou na primeira evidência da decomposição do bóson de Higgs em um bóson Z e um fóton.

Embora a descoberta tenha uma significância estatística de 3,4 desvios padrão, abaixo do limite convencional de 5 desvios padrão para uma observação definitiva, ela representa um avanço significativo na compreensão do bóson de Higgs. 

A taxa de sinal medida está 1,9 desvios padrão acima da previsão do Modelo Padrão.

Os resultados desse estudo ressaltam a importância de investigar as decomposições raras do bóson de Higgs, pois cada partícula tem uma relação especial com ele. 

Além disso, a existência de novas partículas pode ter efeitos significativos nessas decomposições. 

Com a terceira fase do LHC em andamento e a futura High-Luminosity LHC, espera-se melhorar ainda mais a precisão desses estudos e explorar decomposições ainda mais raras do bóson de Higgs.

Essa colaboração entre ATLAS e CMS demonstra o poder da união de esforços na pesquisa científica e o avanço contínuo em direção a desvendar os segredos do bóson de Higgs e da física de partículas além do Modelo Padrão.

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Referências

LHC experiments see first evidence of a rare Higgs boson decay. CERN, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 30 maio 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Físicos descobrem primeiros sinais do raro decaimento do bóson de Higgs. Ciência Mundo, maio 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.