Cientistas registraram pela primeira vez o momento em que uma estrela devora um planeta gigante semelhante a Júpiter, localizado a 12.000 anos-luz da Terra.
A descoberta foi publicada na revista Nature e marca um avanço significativo na compreensão de um fenômeno já teorizado, mas cuja frequência ainda é desconhecida.
A detecção do evento aconteceu graças ao astrônomo Kishalay De, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que estava procurando por estrelas binárias e utilizando dados do Observatório Palomar, na Califórnia (DE, 2023).
O pesquisador buscava por registros de aumentos repentinos de brilho no céu, que seriam um sinal de que estrelas estariam se aproximando o suficiente para que uma sugasse matéria da outra.
No entanto, um dos eventos, ocorrido em 2020 e identificado como ZTF SLRN-2020, chamou a atenção de De, pois foi bem diferente.
Tratava-se de um ponto de luz que ficou rapidamente 100 vezes mais brilhante e depois sumiu.
Poderia ter sido o resultado da fusão de duas estrelas, como era esperado, mas uma segunda análise feita pelo telescópio espacial de infravermelho da NASA, o NEOWISE, sugeriu o contrário.
Os dados da NEOWISE mostraram que, considerando a distância, a quantidade total de energia liberada no flash foi apenas um milésimo do que teria sido se duas estrelas tivessem se fundido.
Além disso, os dados mostram que uma poeira fria cercava a “mistura” após o evento ao em vez de um plasma quente que normalmente indica uma fusão entre estrelas.
Após fazer um trabalho de detetive, buscando evidências em vários telescópios, De concluiu que a cena que ele estava testemunhando era, na verdade, uma estrela que se expandiu e “devorou” um planeta.
Segundo De, um planeta com até 10 vezes a massa de Júpiter, teria sido tragado em direção ao núcleo de uma gigante vermelha em expansão.
Os pesquisadores que trabalharam na equipe de De disseram que “este é o elo perdido em nossa compreensão da evolução dos sistemas planetários”.
Eles batizaram esse novo tipo de evento de “novas vermelhas sub luminosas” e acreditam que essa descoberta pode nos ajudar a entender como funciona o engolfamento planetário, determinando o tipo de brilho, composição química e taxa de rotação das estrelas e planetas envolvidos.
A descoberta de que uma estrela está devorando um planeta gigante semelhante a Júpiter é um avanço significativo no estudo do comportamento das estrelas e dos planetas em nossa galáxia.
Esses eventos podem ser comuns no universo, e estudos futuros com grandes câmeras infravermelhas podem ajudar a identificar mais planetas sendo “devorados” por suas estrelas.
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Referências
DE, Kishalay et al. An exceptional infrared transient from a star engulfing a planet. 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 4 maio 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Pela primeira vez, astrofísicos registram uma estrela “engolindo” um planeta. Ciência Mundo, maio 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.