Cometas e asteroides são corpos celestes com características distintas.
Enquanto os cometas são conhecidos por terem uma cauda luminosa e uma composição rica em gelo, os asteroides são, em geral, corpos rochosos e secos.
No entanto, recentes descobertas têm mostrado que a distinção entre esses dois tipos de objetos nem sempre é tão clara, já que alguns asteroides apresentam características comuns a cometas, como uma cauda de poeira e gás,
Phaethon, por exemplo — um asteroide conhecido desde a década de 1980 por ser responsável pela chuva de meteoros das Geminídeas — é um desses asteroides com características de cometa.
Acreditava-se que a cauda de Phaethon era composta por grãos de poeira, no entanto, novas observações realizadas por uma equipe de astrônomos da California Institute of Technology revelaram que a cauda desse asteroide é composta predominantemente de gás de sódio, assim como ocorre no planeta Mercúrio (ZHANG, 2023).
A descoberta surpreendeu os especialistas, pois, até então, se acreditava que asteroides eram corpos rochosos secos, sem a presença de gelo e, portanto, sem capacidade de produzir uma cauda de gás.
A existência de asteroides com características comuns a cometas, os chamados asteroides ativos, tem desafiado a distinção entre esses dois tipos de corpos celestes.
A descoberta da composição da cauda de Phaethon pode mudar significativamente a forma como os astrônomos interpretam outros objetos que se aproximam do Sol, como cometas e asteroides ativos.
Esse achado pode indicar que alguns dos objetos que pensávamos serem cometas, na verdade, são asteroides que liberam gás de sódio.
A origem da cauda de Phaethon e da chuva de meteoros
Como a quantidade de poeira expelida por Phaethon é insuficiente para explicar a produção da chuva de meteoros, a equipe de pesquisadores foi em busca de outras explicações.
Os astrônomos já sabiam que, quando os cometas se aproximam do Sol, eles brilham intensamente devido à emissão de sódio.
Assim, a equipe de pesquisadores supôs que o sódio também poderia ser responsável pelo brilho de Phaethon.
Os cientistas então coletaram dados de duas estações solares, o Solar Terrestrial Relations Observatory (STEREO) da NASA e o Solar and Heliospheric Observatory (SOHO), um projeto conjunto da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA).
Os dados coletados revelaram que a cauda de Phaethon apareceu em 18 ocasiões, quando o asteroide se aproximou do Sol, entre 1997 e 2022.
No entanto, foram as observações feitas pelo SOHO que foram decisivas para confirmar a composição da cauda.
O satélite possui filtros que permitem detectar tanto poeira quanto sódio, e as imagens coletadas mostraram que a cauda de Phaethon só apareceu nas imagens capturadas pelo filtro sensível ao sódio, e não nas imagens capturadas pelo filtro sensível à poeira.
Outra característica peculiar de Phaethon é a sua taxa de rotação, que tem aumentado cerca de 4 milissegundos por ano, o que é bastante incomum para asteroides.
Alguns pesquisadores acreditam que essa taxa de rotação pode estar relacionada à liberação de gás de sódio, que pode agir como um propulsor, acelerando a rotação do asteroide.
Embora a descoberta da composição da cauda de Phaethon seja um avanço significativo na compreensão dos asteroides ativos, ainda há muitas questões em aberto sobre esses objetos.
Por exemplo, ainda não se sabe como os asteroides conseguem produzir e manter uma cauda de gás, nem por que apenas alguns asteroides ativos foram descobertos até agora.
No entanto, com novas tecnologias e instrumentos de observação, os astrônomos esperam descobrir mais sobre esses objetos misteriosos e sua relação com cometas e outros corpos celestes.
Além disso, o estudo de asteroides ativos pode fornecer informações valiosas sobre a formação e evolução do sistema solar.
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Referências
ZHANG, Qicheng et al. Sodium Brightening of (3200) Phaethon near Perihelion. The Planetary Science Journal, v. 4, n. 4, p. 70, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 29 abr 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Mistério da estranha “cauda de cometa” do Asteroide Phaethon é finalmente revelado. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.