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Planetas rochosos podem ter se formado no início do universo

Dados do telescópio James Webb sugerem que planetas rochosos também podem se formar em nuvens com baixa concentração de elementos pesados.

Planetas rochosos podem ter se formado no início do universo -

Imagem: NASA Hubble Space Telescope em Flickr.

A recente descoberta de uma equipe de pesquisadores, publicada na revista Nature Astronomy, sugere que planetas rochosos podem ter se formado desde o início do universo. 

Utilizando o telescópio espacial James Webb, os cientistas estudaram uma galáxia vizinha chamada Pequena Nuvem de Magalhães e encontraram evidências de que o ambiente químico dessa galáxia é semelhante ao do universo primordial, o que pode ter permitido a formação de planetas rochosos pouco tempo após o Big Bang.

A Pequena Nuvem de Magalhães é uma galáxia próxima à Via Láctea, mas é muito diferente da nossa galáxia em termos de composição química. 

A galáxia tem uma baixa abundância de elementos químicos pesados, como ferro, magnésio e alumínio, que são essenciais para a formação de planetas rochosos. 

Essa baixa concentração de elementos pesados na Pequena Nuvem de Magalhães é semelhante ao ambiente químico primitivo que existia no universo apenas alguns bilhões de anos após o Big Bang, antes que as estrelas tivessem tempo suficiente para produzir esses elementos e dispersá-los no espaço.

A capacidade de formação de planetas rochosos em ambientes com baixa concentração de elementos pesados tem sido objeto de debate entre os astrônomos. 

Estudos anteriores não tinham a capacidade de investigar detalhadamente estrelas jovens com massa igual ou menor que a do sol, o que dificultava a medição do conteúdo de poeira nos sistemas estelares, um indicativo da formação de planetas. 

No entanto, com a sensibilidade do telescópio James Webb, os cientistas puderam observar estrelas jovens na Pequena Nuvem de Magalhães em maior detalhe.

Através do uso de uma câmera infravermelha do James Webb, a equipe de pesquisadores detectou assinaturas que sugerem a presença de muita poeira orbitando e caindo em direção a centenas de estrelas em uma região da Pequena Nuvem de Magalhães, conhecida como NGC 346

Esses grãos de poeira, ao se aglutinarem, podem eventualmente se juntar e formar planetas rochosos.

Qual a importância científica desta descoberta?

Essa descoberta é importante porque as estrelas de baixa massa, como as estudadas na Pequena Nuvem de Magalhães, são as estrelas mais comuns no universo e têm uma longa vida útil. 

Isso significa que os planetas rochosos que se formam ao seu redor podem ter uma janela maior de tempo para o desenvolvimento de vida. 

O fato de que planetas rochosos podem estar se formando em um ambiente químico primitivo, similar ao do universo primordial, também sugere que a formação de planetas pode ter ocorrido desde as fases iniciais do universo, há bilhões de anos.

Os próximos passos da pesquisa irão se concentrar em identificar as assinaturas químicas dos grãos de poeira observados na Pequena Nuvem de Magalhães, a fim de entender melhor a composição desses materiais e como eles estão se aglutinando para formar planetas rochosos. 

Além disso, os cientistas também pretendem investigar outras galáxias próximas e distantes para verificar se essa capacidade de formação de planetas em ambientes químicos primitivos é uma ocorrência comum no universo.

Essa descoberta também tem implicações significativas para a busca por vida em outros planetas. 

A formação de planetas rochosos em ambientes químicos primitivos pode aumentar as chances de existência de planetas habitáveis em outras partes do universo. 

A compreensão dos processos de formação planetária desde as fases iniciais do universo pode ajudar os astrônomos a identificar regiões propícias para a formação desses planetas habitáveis, onde a vida possa ter surgido e evoluído ao longo do tempo.

Além disso, essa descoberta também lança luz sobre a evolução química do universo. 

A presença de elementos pesados, como ferro e magnésio, é essencial para a formação de planetas rochosos, e a baixa abundância desses elementos na Pequena Nuvem de Magalhães indica que o processo de enriquecimento químico do universo pode ter ocorrido de forma mais rápida do que se pensava anteriormente. 

Isso pode ter implicações para a compreensão da evolução de galáxias e a formação de elementos químicos ao longo da história do universo.

Os próximos passos da pesquisa prometem trazer novas informações sobre esse fascinante campo de estudo e ampliar nosso conhecimento sobre a formação e evolução dos planetas no universo.

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Referências

JONES, O. et al. JWST/NIRCam detections of dusty subsolar-mass young stellar objects in the Small Magellanic Cloud. Nature Astronomy. Published online April 24, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 26 abr 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Planetas rochosos podem ter se formado no início do universo. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.