Após quatro anos monitorando o interior de Marte, a InSight detectou centenas de martemotos — abalos sísmicos no planeta Marte, semelhantes a terremotos no planeta Terra — revelando que o núcleo de Marte é composto por uma liga de ferro líquido, e uma grande quantidade de enxofre e oxigênio misturados (IRVING, 2023).
Essa descoberta é de grande importância para os cientistas, pois ajuda a entender a história de Marte e as razões pelas quais ele é diferente da Terra.
Enquanto a Terra é um planeta com vida e rica em recursos, Marte é um planeta árido e sem vida.
A compreensão da composição do núcleo de Marte pode ajudar a explicar essas diferenças e também pode ter implicações na busca por vida em outros planetas fora do Sistema Solar.
A análise das ondas sísmicas geradas pelos martemotos permitiu que os cientistas fizessem o primeiro mapa detalhado do interior do planeta, revelando que o núcleo de Marte é composto principalmente por ferro líquido, além de elementos mais leves, como enxofre, oxigênio, carbono e hidrogênio.
Essa composição difere do núcleo da Terra, que consiste de uma camada externa líquida, uma camada interna sólida e uma camada mais interna ainda mais densa e sólida.
Outra descoberta interessante é que o núcleo de Marte é menos denso e mais compressível do que o da Terra.
Isso pode ter sido um dos fatores que contribuíram para a ausência de um campo magnético global em Marte, ao contrário da Terra, que tem um campo magnético que protege sua atmosfera e água de escaparem para o espaço.
A presença de elementos mais leves no núcleo de Marte pode ter afetado a atividade geodinâmica do planeta, resultando na perda de seu campo magnético.
A descoberta de grandes quantidades de enxofre e oxigênio no núcleo de Marte também pode ter implicações para a busca por vida em outros planetas, pois esses elementos são fundamentais para a formação de aminoácidos, que são os blocos de construção da vida na Terra.
Portanto, a presença desses elementos no núcleo de Marte pode indicar a possibilidade de existência de ambientes propícios à vida no passado ou até mesmo no presente, mesmo que em formas microscópicas.
Além disso, a compreensão da composição do núcleo de Marte também é relevante para futuras missões de exploração espacial, como a busca por recursos minerais e a possível colonização humana do planeta.
A informação detalhada sobre a composição do núcleo pode fornecer insights valiosos sobre a disponibilidade de recursos naturais em Marte, como minerais metálicos, e como eles podem ser explorados para futuras atividades humanas.
Este trabalho foi resultado de uma colaboração entre especialistas em sismologia, mineralogia e simulação de interiores planetários, destacando a importância da cooperação multidisciplinar na pesquisa espacial.
Através do uso de técnicas sísmicas avançadas, combinadas com outras metodologias, como a modelagem de interiores planetários e análise mineralógica, foi possível obter uma compreensão mais profunda do núcleo de Marte e suas características únicas.
À medida que a exploração espacial continua a avançar, novas descobertas sobre os planetas do nosso sistema solar e além estão sendo feitas, enriquecendo nosso conhecimento sobre o universo em que vivemos.
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Referências
IRVING, Jessica C. E et al. First observations of core-transiting seismic phases on Mars. PNAS, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 25 abr 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Ondas sísmicas do núcleo de Marte são capturadas pela primeira vez. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.