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Ponte Antártica permitiu migração de saurópodes entre América do Sul e Austrália

Um fóssil de saurópode descoberto na Austrália é semelhante a alguns encontrados na Argentina, sugerindo que esses animais viajaram entre os continentes.

Ponte Antártica permitiu migração de saurópodes entre América do Sul e Austrália - Saurópode na Antártida.

Imagem: Ciência Mundo Art

Cientistas descobriram um crânio quase completo de um dinossauro saurópode na Austrália, que também é comum na Argentina, com cerca de 100 milhões de anos, o que indica que esses dinossauros viajavam da América do Sul para a Oceania, percorrendo a Antártida (POROPAT, 2023).

O fóssil pertence a uma espécie chamada Diamantinasaurus matildae, conhecida por seu pescoço extremamente longo. 

Fóssil dos maxilares do saurópode Diamantinasaurus matildae encontrado na Austrália.
Acima, espécimes originais, abaixo, reconstrução 3D / raio X.
Imagem: POROPAT, 2023.

Essa espécie de dinossauro, que fazia parte do grupo dos titanossauros, viveu até o fim do Cretáceo, antes da extinção em massa dos dinossauros não avianos.

O fóssil foi encontrado em 2018 em uma fazenda de ovelhas no noroeste de Winton, em Queensland, Austrália, e recebeu o apelido de “Ann“. 

Pelas estimativas, Ann tinha o tamanho de uma quadra de tênis — cerca de 24 metros — e pesava aproximadamente 27,5 toneladas, três vezes mais que um Tyrannosaurus rex

A semelhança do fóssil descoberto na Austrália com outros encontrados na Argentina foi o que levou os pesquisadores a sugerirem que esses saurópodes viajaram entre a América do Sul e a Austrália, passando pela Antártida.

Os cientistas compararam o crânio de Ann com o crânio de um titanossauro da espécie Sarmientosaurus musacchioi, descoberto na Argentina em um estudo publicado em 2016. 

Eles encontraram notáveis semelhanças na estrutura do crânio, na caixa craniana, nos ossos próximos à articulação da mandíbula e na forma dos dentes. 

Essas semelhanças indicam que as duas espécies de dinossauros são muito próximas e fortalecem a hipótese dos pesquisadores.

Os saurópodes eram dinossauros de pescoço longo, comuns na região da atual Austrália, mas o fóssil de Ann é apenas o segundo crânio de sauropoda encontrado naquela área. 

Isso ocorre porque as cabeças desses dinossauros eram pequenas em relação ao tamanho do corpo e eram compostas por ossos delicados que se decompunham rapidamente. 

A descoberta do crânio de Ann é considerada uma evidência importante para apoiar a teoria de que os dinossauros se deslocaram entre os continentes viajando pela Antártida.

Os cientistas já sabiam que os saurópodes percorriam a Antártida, uma vez que o primeiro fóssil de dinossauro de pescoço longo foi descoberto na região em 2011. 

Durante o período Cretáceo, a Austrália, a Nova Zelândia, a Antártida e a América do Sul estavam unidas e formavam o último remanescente do supercontinente Gondwana

Logo, essa nova descoberta também tem implicações para a compreensão da geografia dos continentes durante esse período. 

A existência de uma rota de migração entre a América do Sul e a Austrália pela Antártida sugere que a separação desses continentes ocorreu mais tarde do que se pensava, já que os dinossauros ainda eram capazes de se mover entre eles.

Além disso, essa descoberta também pode ter implicações para a compreensão da evolução dos dinossauros. 

A capacidade dos saurópodes de se moverem entre os continentes pode ter influenciado a diversificação desses animais e sua adaptação a diferentes ambientes.

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Referências

POROPAT, Stephen F. et al. A nearly complete skull of the sauropod dinosaur Diamantinasaurus matildae from the Upper Cretaceous Winton Formation of Australia and implications for the early evolution of titanosaurs. Royal Society Open Science, v. 10, n. 4, p. 221618, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 20 abr 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Ponte Antártica permitiu migração de saurópodes entre América do Sul e Austrália. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.