Um grupo internacional de cientistas descobriu recentemente um exoplaneta que está passando por fusão nuclear em seu núcleo (HINKLEY, 2023).
Essa descoberta foi possível graças ao telescópio espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia, que fez a primeira imagem direta do exoplaneta.
O exoplaneta em questão, batizado de HD 206893 c, foi encontrado orbitando a estrela HD 206893, localizada a aproximadamente 130 anos-luz da Terra.
A estrela é cerca de 30% maior que o nosso sol e possui um disco de detritos ao seu redor, o que a tornava um candidato promissor para a busca de novos planetas fora do nosso sistema solar.
A equipe de cientistas utilizou o instrumento GRAVITY do Very Large Telescope, localizado no Deserto do Atacama, no Chile, para confirmar diretamente a presença do exoplaneta, com base nos dados da missão Gaia.
Além disso, a observação permitiu aos pesquisadores analisar o espectro de luz da atmosfera do exoplaneta.
Os dados indicam que o núcleo do HD 206893 c está passando por fusão nuclear, utilizando deutério, um isótopo do hidrogênio que carrega um nêutron.
Isso é evidenciado pelo brilho observado no objeto, que sugere atividade de fusão nuclear em seu núcleo.
Essa é uma descoberta importante, pois pode fornecer informações valiosas sobre a formação e evolução de planetas gigantes.
Com base em estimativas, os cientistas acreditam que o HD 206893 c seja cerca de 13 vezes mais massivo que Júpiter.
Essa enorme massa e os indícios de fusão nuclear colocam o exoplaneta no limite entre um planeta gigante e uma anã marrom, que é um objeto cósmico que se forma de maneira semelhante às estrelas, mas não possui massa suficiente para sustentar a fusão nuclear.
Essa descoberta também destaca a capacidade da missão Gaia em identificar potenciais exoplanetas, que podem então ser diretamente observados por telescópios terrestres ou por telescópios espaciais, como o Telescópio Espacial James Webb da NASA.
Essa descoberta representa um marco significativo na pesquisa de exoplanetas e pode fornecer insights importantes para os cientistas entenderem melhor a formação e evolução desses corpos celestes.
Além disso, a capacidade de detectar indícios de fusão nuclear em exoplanetas pode auxiliar na distinção entre planetas gigantes e anãs marrons, o que é uma área de estudo em constante evolução na astronomia.
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Referências
HINKLEY, S. et al. Direct discovery of the inner exoplanet in the HD 206893 system. Evidence for deuterium burning in a planetary-mass companion. Astronomy and Astrophysics, v. 671, p. L5, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 17 abr 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Exoplaneta recém-descoberto tem indícios de fusão nuclear acontecendo em seu núcleo. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.