O telescópio espacial James Webb, lançado em dezembro de 2021, está revelando detalhes complexos das galáxias que antes eram invisíveis aos olhos dos observatórios terrestres.
As imagens obtidas pelo Webb mostram como as estrelas recém-nascidas moldam seus arredores e oferecem pistas sobre como as estrelas e galáxias crescem juntas.
Um grupo de mais de 100 astrônomos selecionou 19 galáxias relativamente próximas, todas com diferentes tipos de estruturas em espiral, com o objetivo de estudar os detalhes do ciclo de vida das estrelas.
Antes do lançamento do James Webb, essas galáxias já haviam sido investigadas por vários outros observatórios, mas partes dessas galáxias sempre pareciam planas e sem características.
As imagens obtidas pelo James Webb revelam agora uma complexidade nunca vista antes, nas regiões onde se achava que não existia nada.
Comparando as imagens com aquelas obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble, as galáxias agora apresentam buracos escuros cercados por filamentos brilhantes de gás e poeira.
Esses buracos foram criados pelas radiações de alta energia das estrelas recém-nascidas em seus centros, que esculpem bolhas no gás e na poeira.
À medida que as estrelas mais massivas atingem o fim de sua vida e explodem, esse gás é empurrado ainda mais para fora, criando bolhas maiores com bolhas menores em suas bordas, que podem indicar locais onde o gás empurrado por estrelas moribundas começou a formar novas estrelas.
Essas imagens ajudarão a entender como as formas e propriedades das galáxias influenciam os ciclos de vida de suas estrelas e como as galáxias crescem e mudam com seus habitantes estelares.
Comparar esses processos em diferentes tipos de galáxias em espiral é essencial para desvendar a evolução do Universo.
O telescópio James Webb é muito eficiente para esta tarefa, pois é capaz de detectar objetos muito distantes através da observação infravermelho.
Segundo Janice Lee, uma das astrônomas envolvidas no estudo, a equipe planeja estudar todas as 19 galáxias selecionadas para entender como o ambiente muda e como as estrelas são formadas. “Precisamos estudar essas coisas em amostras completas para entender como as estrelas nascem”, conclui ela.
Os novos dados de imagem do James Webb foram utilizados por um grande grupo de astrônomos que produziu uma coleção de artigos acadêmicos, além dos citados nesta matéria, que podem ser consultados aqui.
Esperamos que o telescópio James Webb continue a fornecer informações valiosas e que nos ajude a entender melhor o nosso lugar no cosmos.
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Referências
SCHINNERER, Eva et al. PHANGS–JWST First Results: Rapid Evolution of Star Formation in the Central Molecular Gas Ring of NGC 1365. The Astrophysical Journal Letters, v. 944, n. 2, p. L15, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 12 mar 2023.
THILKER, David A. et al. PHANGS-JWST First Results: The Dust Filament Network of NGC 628 and its Relation to Star Formation Activity. arXiv preprint arXiv:2301.00881, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 12 mar 2023.
LEE, Janice C. et al. The PHANGS–JWST Treasury Survey: Star Formation, Feedback, and Dust Physics at High Angular Resolution in Nearby GalaxieS. The Astrophysical Journal Letters, v. 944, n. 2, p. L17, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 12 mar 2023.
Notícias
Newborn stars sculpt their galaxies in new James Webb telescope images. Science News, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 12 mar 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Estrelas recém-nascidas esculpem suas próprias galáxias segundo imagens do James Webb. Ciência Mundo, mar 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.