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Astrônomos captam ondas de choque na teia cósmica pela primeira vez

Estas observações podem nos ajudar a entender a origem da matéria escura e como os aglomerados de galáxias se formaram e evoluíram.

Astrônomos captam ondas de choque na teia cósmica pela primeira vez - Teia Cósmica

Imagem: Ciência Mundo Art

A teia cósmica é a maior e mais impressionante estrutura do universo.

Ela consiste em uma enorme teia de filamentos de gás, galáxias e matéria escura que preenchem todo o universo observável.

Esses filamentos se estendem por centenas de milhões de anos-luz e são interconectados por grandes aglomerados de galáxias que formam uma espécie de “caminho cósmico”.

Simulação de como seria a teia cósmica do nosso universos.
Imagem: Johan Hidding em Flickr.

É dentro dessa estrutura que ocorrem os processos de formação de galáxias e os fenômenos mais energéticos do universo como buracos negros supermassivos e jatos de matéria.

Agora, pela primeira vez, os astrônomos conseguiram detectar ondas de choque se propagando ao longo dos filamentos da teia cósmica (VERNSTROM, 2023).

Essas ondas geram um brilho fraco que pode ajudar os astrônomos a entender melhor os campos magnéticos em larga escala, cujas propriedades e origens são amplamente misteriosas.

A detecção dessas ondas de choque foi possível graças à combinação de milhares de imagens de telescópios de rádio.

As ondas de choque são geradas quando, ou galáxias se fundem, ou filamentos colidem, ou ainda, quando o gás das regiões vazias do espaço cai em direção dos filamentos onde há aglomerados densos de galáxias.

Esses eventos geram ondas de choque que se propagam pelos filamentos e aceleram partículas carregadas através dos campos magnéticos que permeiam a teia cósmica.

Quando isso acontece, as partículas emitem luz que pode ser detectada por rádio telescópios.

Os filamentos que compõem a teia cósmica são mais difíceis de observar do que as galáxias, mas essas ondas de choque que se propagam nos filamentos podem ser detectadas indiretamente através da luz emitida pelas partículas aceleradas.

Os astrônomos combinaram mais de 600.000 pares de aglomerados de galáxias — próximos o suficiente para serem conectados por filamentos — para criar uma única imagem “empilhada”.

Isso amplificou os sinais fracos e revelou um brilho de rádio vindo dos filamentos entre os aglomerados de galáxias.

A detecção dessas ondas de choque confirma as previsões das simulações da teia cósmica e oferece um vislumbre raro dos campos magnéticos que permeiam a teia cósmica, ainda que indiretamente.

No entanto, a origem e a importância dos campos magnéticos em larga escala ainda é um mistério.

Além disso, a descoberta dessas ondas de choque na teia cósmica também tem implicações importantes para a nossa compreensão da física fundamental do universo.

Isso porque, o universo é regido por quatro forças fundamentais: gravidade, eletromagnetismo, força nuclear forte e força nuclear fraca.

As ondas de choque na teia cósmica oferecem uma oportunidade única para estudar a interação entre a força magnética e a força gravitacional em escalas cosmológicas.

Isso pode ajudar a responder algumas das perguntas mais profundas da física, como a natureza da matéria escura e como as galáxias são formadas e evoluem.

À medida que os astrônomos continuam a explorar as maravilhas do universo, é provável que descubram mais segredos fascinantes da teia cósmica e da natureza do universo em que vivemos.

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Vídeos

ONDAS DE CHOQUE ABALAM A TEIA CÓSMICA DO UNIVERSO!!!
ONDAS DE CHOQUE ABALAM A TEIA CÓSMICA DO UNIVERSO!!!
Vídeo: Canal “Ciência News” em Youtube.

Referências

VERNSTROM, Tessa et al. Polarized accretion shocks from the cosmic web. Science Advances, v. 9, n. 7, p. eade7233, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 7 mar 2023.

Notícias

Astronomers spotted shock waves shaking the web of the universe for the first time. Science News, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 7 mar 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Astrônomos captam ondas de choque na teia cósmica pela primeira vez. Ciência Mundo, mar 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.