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DNA antigo revela o destino dos europeus durante a Era do Gelo

A região da atual Espanha forneceu refúgio do frio intenso, enquanto a região da atual Itália se tornou hostil para a presença humana.

DNA antigo revela o destino dos europeus durante a Era do Gelo - Europeus fujindo da última era do gelo.

Imagem: Ciência Mundo Art

Um novo estudo publicado na revista Nature apresentou as últimas descobertas da arqueologia genética sobre a história das populações humanas durante o Máximo Glacial, período que ocorreu entre 25.000 e 19.000 anos atrás, quando enormes lençóis de gelo cobriram grande parte da Europa (POSTH, 2023; VILLALBA-MOUCO, 2023).

As análises do DNA de 356 antigos caçadores-coletores encontrados em 14 países da Europa e Ásia, permitiram que os pesquisadores reconstruíssem os movimentos populacionais e as substituições que moldaram a composição genética dos antigos europeus.

Localização geográfica das ossadas analisadas geneticamente no estudo.
As linhas pontilhadas delimitam as regiões geográficas descritas no texto.
Os significados dos símbolos gráficos estão descritos no trabalho completo do professor Cosimo Posth.
Imagem: POSTH, 2023.

Pela primeira vez, as evidências de DNA antigo incluíram indivíduos da cultura Gravetiana, que remonta 33.000 a 26.000 anos atrás na Europa central e sul, e da cultura Solutreana do sudoeste da Europa, que data de entre cerca de 24.000 e 19.000 anos atrás.

O estudo descobriu que as populações da Europa ocidental sobreviveram ao evento glacial enquanto as populações do leste foram substituídas por migrantes de outras regiões.

Acredita-se que o sudoeste da Europa, onde hoje é a Espanha, tenha fornecido refúgio do frio intenso da última Era do Gelo para os caçadores-coletores, enquanto a região sudeste da Europa, onde hoje é a Itália, se tornou hostil para a presença humana.

As populações do sudeste foram substituídas por outros caçadores-coletores geneticamente distintos que presumivelmente viviam a leste da Península dos Bálcãs.

Além disso, essas “novas populações” que carregavam ancestralidade de partes do sudoeste da Ásia, começaram a se mover para o que hoje é o norte da Itália por volta de 17.000 anos atrás, à medida que a Era do Gelo começou a diminuir.

Essa descoberta muda nossa interpretação do registro arqueológico daquela região, destacando a importância da análise do DNA antigo na pesquisa arqueológica.

A arqueologia genética pode ajudar os pesquisadores a compreender melhor as mudanças populacionais e movimentos de pessoas no passado, permitindo que eles reinterpretem o registro arqueológico de maneira mais precisa.

Até então, acreditava-se que os caçadores-coletores que produziram a cultura Epigravettiana, encontrada em sítios arqueológicos da Itália e de outras partes da Europa oriental, eram nativos da região.

No entanto, o atual estudo genético sugere que essa cultura foi trazida por migrantes dos Balcãs que se instalaram na Itália durante o período glacial.

Os resultados desta pesquisa fornecem novas informações sobre como as populações humanas evoluíram e migraram durante a Era do Gelo.

A tecnologia avançada de sequenciamento de DNA foi fundamental para que os pesquisadores reconstruíssem os movimentos populacionais e as substituições que moldaram a composição genética dos europeus antigos.

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Referências

POSTH, Cosimo et al. Palaeogenomics of Upper Palaeolithic to Neolithic European hunter-gatherers. Nature, v. 615, n. 7950, p. 117-126, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 6 mar 2023.

VILLALBA-MOUCO, Vanessa et al. A 23,000-year-old southern Iberian individual links human groups that lived in Western Europe before and after the Last Glacial Maximum. Nature Ecology & Evolution, p. 1-13, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 6 mar 2023.

Notícias

Ancient DNA unveils disparate fates of Ice Age hunter-gatherers in Europe. Science News, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 6 mar 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. DNA antigo revela o destino dos europeus durante a Era do Gelo. Ciência Mundo, mar 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.