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Dinossauro voador pode ter usado seus pés para agarrar presas no ar como falcões modernos

O microraptor, considerado o elo perdido entre dinossauros e pássaros, era um predador de quatro asas que caçava com os “pés”.

Dinossauro voador pode ter usado seus pés para agarrar presas no ar como falcões modernos -

Imagem: Fred Wierum em Wkiimedia Commons.

O microraptor é uma espécie fascinante de dinossauro voador que habitou a Terra há aproximadamente 120 milhões de anos. É considerado uma criatura híbrida, pois tinha características tanto de dinossauros terrestres quanto de pássaros.

Ele tinha aproximadamente 30 cm de altura, 50 cm de comprimento com sua longa cauda, penas nas pernas e uma estrutura óssea semelhante a uma ave moderna, mas era provavelmente quadrupedal.

A habilidade de voo do microraptor é um dos aspectos mais interessantes da sua biologia. As patas dianteiras, com suas longas penas, parecem ter sido usadas para controlar a direção do voo, enquanto as patas traseiras, mais robustas, eram usadas para impulsionar o animal no ar.

Embora saibamos que eles eram animais aéreos, seus fósseis revelam pouco sobre sua verdadeira capacidade de realizar manobras aéreas.

Contudo, um novo estudo publicado na revista Nature Communications sugere que o microraptor era habilidoso o suficiente para caçar presas enquanto voava, como fazem os gaviões de hoje (PITTMAN, 2022).

De acordo com o líder da pesquisa Michael Pittman, da Universidade Chinesa de Hong Kong, nas aves modernas, as diferenças morfológicas nas escamas e nas almofadas dos dedos estão correlacionadas com as preferências de locomoção e alimentação.

Normalmente, almofadas dos dedos achatadas são encontradas em pássaros empoleirados e terrestres, como o papagaio, enquanto almofadas bem desenvolvidas com escamas espinhosas são encontradas principalmente nas aves modernas que usam os pés para caçar, como os gaviões, pois essas características fornecem aderência adicional.

“Esses pontos de contato entre o predador e a presa, se comprovados, fornecerão uma imagem mais clara do comportamento do animal, pois o esqueleto em si não mostra muita coisa”, afirmou Thomas Holtz Jr, paleontólogo de dinossauros da Universidade de Maryland em College Park, que não participou do estudo.

Para investigar as almofadas nas patas dos dinossauros, Pittman e seus colegas foram ao Museu de HIstória Natural Shandong Tianyu, na China. “O museu tem provavelmente a maior coleção de dinossauros com penas do mundo, e, o mais importante, eles ainda não foram investigados extensivamente”, afirmou Pittman.

Usando scanners lasers especiais que fazem com que os tecidos moles, normalmente quase invisíveis nas fossilizações, apareçam, os pesquisadores encontraram 12 espécimes com plantas dos dedos excepcionalmente bem preservadas dentre os milhares examinados.

Fóssil da pata de um microraptor.
(a) Fóssil com iluminação natural. (b) Fluorescência estimulada por laser. (c) Visão aproximada das almofadas dos dedos. (d) Desenho interpretativo.
Imagem: PITTMAN, 2022

A equipe comparou as plantas dos dedos fósseis com as de 36 tipos de aves modernas, cujas plantas dos dedos variam de acordo com seu estilo de vida.

A análise mostrou que as plantas dos dedos do microraptor e outros aspectos dos pés, como a forma das articulações dos dedos e garras, são mais parecidos com os de aves de rapina modernas. Essa semelhança sugere que o dinossauro poderia caçar presas no ar e no solo como as aves atuais, afirmam os pesquisadores.

Outros dinossauros, como o Anchiornis que também tinha penas, tinham as plantas dos dedos planas e as garras retas, sugerindo um estilo de vida terrestre. Isso corrobora com a ideia que temos sobre este dinossauro ser um péssimo voador, disse sorridente Pittman.

Já a ideia de que o microraptor caçava como uma ave de rapina é consistente com outras evidências fósseis. Em outro estudo, pesquisadores mostram um fóssil de microraptor encontrado com uma ave em seu estômago. Além disso, a anatomia óssea e os tecidos moles do microraptor sugerem alguma capacidade de voo ágil.

Segundo Pittman, “há ainda muito trabalho a ser feito para descobrirmos como o microraptor realmente voava, pois não se trata de uma ave, mas de um parente próximo. Só porque ele tem pés como um pássaro predador não significa necessariamente que capturava presas da mesma maneira. Seu estilo de vida, no entanto, se assemelha ao de uma águia.”

O microraptor pode ter sido muito eficiente voando naquela época, mas ele provavelmente não conseguiria competir com as aves de hoje. Os pesquisadores especulam que ele provavelmente não era tão rápido, mas sua habilidade de voar certamente o ajudava a surpreender as presas.

Outros paleontólogos são mais céticos quanto ao microraptor ter caçado em pleno ar. “Seria um pouco exagerado sugerir que microraptor estivesse perseguindo presas em um contexto aéreo”, diz Albert Chen, paleontólogo da Universidade de Cambridge. “As novas descobertas sugerem apenas que ele caçava com os pés”.

Por enquanto, a imagem da ecologia de microraptor ainda é nebulosa, mas à medida que a resolução dos scanners a laser aumenta, nossa compreensão do voo dos dinossauros pode alcançar novos patamares.

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Vídeos

O Microraptor.
Vídeo: Canal “PhilipeSaurus – Com Philipe Oliveira” em Youtube.

Referências

PITTMAN, Michael et al. Exceptional preservation and foot structure reveal ecological transitions and lifestyles of early theropod flyers. Nature Communications, v. 13, n. 1, p. 7684, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 fev 2023.

Notícias

This dinosaur might have used its feet to snag prey in midair like modern hawks. Science News, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 fev 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Dinossauro voador pode ter usado seus pés para agarrar presas no ar como falcões modernos. Ciência Mundo, fev 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.

SANTOS, Gabriel. Dinossauro voador pode ter usado seus pés para agarrar presas no ar como falcões modernos. Ciência Mundo, Rio de Janeiro, fev 2023. Disponível em: . Acesso em: .


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.