Armas lasers sempre foram tratadas na ficção como uma solução “perfeita” para lidar com eventuais invasões do espaço aéreo. Seus feixes viajam a velocidade da luz e podem ser ajustados para produzir o mínimo (ou máximo) de dano, dependendo da situação, com bastante precisão.
Mas, com tantas vantagens, por que essas “armas do futuro” ainda não foram implementadas?
O problema é que sistemas reais de armas lasers sempre foram grandes demais para serem implantados em veículos táticos como caminhões, aviões ou até mesmo navios.
Contudo, recentemente, em uma entrevista a revista Breaking Defense, Justin Martin — diretor de engenharia da Raytheon Intelligence & Space, uma empresa americana do segmento de defesa aeroespacial — afirmou que sua empresa já está fornecendo armas lasers de alta energia (sigla em inglês HEL) para o governo americano desde 2021.
A notícia foi recebida com certo espanto pela comunidade científica, pois as armas lasers eram previstas para estarem operacionais daqui a pelo menos 5 anos.
Isso porque, um dos maiores desafios para se desenvolver esse tipo de arma é lidar com o SWaP (Size Weight and Power) — um acrônimo da indústria de segurança aeroespacial que quantifica as necessidades de tamanho, peso e consumo de energia de um sistema como um todo.
Segundo Martin, no passado as fontes laser eram ineficientes, e, por isso, demandavam muito mais energia elétrica do que o laser produzido. Armas laser eram inviáveis, pois deveriam estar conectadas a grandes fontes de energia. Hoje, após os avanços da indústria, tecnologias, como, por exemplo, o laser de fibra, deixaram os sistemas mais eficientes.
Contudo, uma das maiores barreiras das armas HEL ainda é descobrir como empacotar um sistema tão complexo em um único espaço. Diferente dos sistemas de demonstração científica — que acabam ficando enormes, pois seus objetivos são apenas de demonstração — uma arma laser real deve consistir de um único dispositivo independente instalado em um veículo.
Para resolver esse problema, Martin afirma que os engenheiros da Raytheon criaram um módulo único integrado com todas as funções necessárias para operação, ao invés de várias grandes caixas separadas, uma para cada função.
Além disso, a arma laser em si, é um sistema integrado autônomo que realiza todo processo operacional, desde a descoberta e rastreamento de um alvo até o controle e direcionamento do feixe laser. Tudo instalado em um único veículo de vigilância.
Um dos maiores desafios desse tipo de projeto de arma laser é lidar com o calor produzido em um sistema de alta energia tão apertado. Segundo Martin, a fábrica da Raytheon, que atualmente se encontra no Texas, já está bastante madura e atualmente dispõe de tecnologias avançadas de gerenciamento de troca de calor em ambientes apertados como veículos de combate.
As armas lasers desenvolvidas pela Raytheon são endereçadas a ameaças como drones de pequeno e médio porte, foguetes, artilharia e morteiros. Contudo, segundo a empresa, o objetivo não é substituir sistemas de defesa já consagrados, como o sistema israelense Iron Dome, mas sim, somar mais uma alternativa.
Para demonstrar sua capacidade operacional em um veículo com restrição de espaço, a empresa Raytheon instalou sua nova arma laser em um veículo DE M-SHORAD do Exército americano. Contudo, Martin afirma que o dispositivo possui interfaces que possibilitam sua integração em muitos outros veículos já existentes.
Segundo a empresa, este primeiro veículo foi entregue ao exército americano em 2021 e já foi usado, com sucesso, em muitos eventos realistas de combate para a interceptação de drones e outras ameaças.
Quatro outros veículos DE M-SHORAD estão sendo produzidos na fábrica da Raytheon e devem ser entregues ao exército americano até o fim de 2022.
As armas lasers também estão sendo instaladas em bases aéreas, porém integradas ao sistema de radar das unidades. A empresa afirma já ter entregue quatro armas lasers específicas para bases aéreas, à força aérea americana.
Para finalizar, Martin afirma que os ótimos resultados da empresa Raytheon se devem também aos excelentes feedbacks dos soldados que operam o equipamento. “Graças à paciência e empenho desses soldados, nossa arma laser está pronta para uso agora”, afirmou o engenheiro.
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Notícias
No longer science & technology projects, high-energy laser weapons are now operational. Breaking Defense, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 15 set. 2022.
Cite-nos
SANTOS, Gabriel. Não é mais ficção científica: Armas lasers estão agora disponíveis. Ciência Mundo, Rio de Janeiro, set. 2022. Disponível em: . Acesso em: .